UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
PEDAGOGIA - SERIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL:
CRIANÇAS, JOVENS E ADULTOS
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
RODRIGO FARIAS PICHLER (UERGS)
CONSERVAÇÃO DE QUANTIDADES
O conceito da conservação de quantidades e o aspecto mais divulgado da teoria piagetiana, sendo reconhecida como a contribuição revolucionaria da obra de Piaget, mas que precisa de alguns cuidados para quem for usá-la .
Piaget utilizou o método clínico em seus trabalhos sendo necessário os seguintes características fundamentais:
-
Utilização de material adaptável que é colocado à disposição da criança;
-
Interrogatório flexível adaptado a cada sujeito e às respostas que este sujeito dá no decorrer da entrevista;
-
Análise qualitativa das condutas na tentativa de compreender os processos psicológicos que estão em jogo nas diferentes situações de exame;
-
do interrogatório à análise qualitativo há a referência a um modelo interpretativo.
O objetivo deste método é apreender, delimitar o pensamento da criança, a lógica interna deste pensamento. Trata-se, portanto, de por suas reflexões espontâneas, sendo necessário que o entrevistador se deixe guiar pela conduta original, imprevistos e freqüentemente imprevisíveis da criança. O entrevistador pode colocar questões, ou modificar o material apresentado para ver se a criança compreendeu.
O entrevistador necessita ter um embasamento teórico para só então partir para a técnica, sendo necessário para que a criança possua um controle do entendimentos das perguntas e instrumentos feito durante a mesma. Este método resulta de acordo os resultados dos itens somados, dando um escore final.
Portanto este trabalho se deteve ao exame de conservação de quantidade descontinua, a Prova foi realizada com duas crianças de idade e series diferentes. Resumidamente faremos uma breve descrição dos procedimentos que será aplicados no exame, que parte da relação entre duas quantidade (A e B e igual mas parecem diferentes devido a disposição espacial das quantidades distribuída na entrevista com a criança.
Este processo básico é utilizado mais de uma vez, sendo que as discrepância percentuais entre A e B são aumentados em cada repetição. O examinador pode pedir que o sujeito justifique suas respostas e, quando for o caso.
Em relação ao material utilizado para o exame de conservação descontinua, pode ser realizado com materiais diferentes (balas, fichas, moedas, entre outros)
Para realização desta entrevista contará com duas crianças, sendo utilizada fichas brancas de refrigerantes, onde após uma breve descrição da prova de conservação de quantidades, sendo que, como é característico do método clínico, as perguntas sequem as condutas originais não de forma idênticas, pois e preciso sabe se os sujeitos entrevistas deram uma resposta coerente, que auxilia na sua compreensão.
Situação proposta pelo exames: foi colocadas 24 fichas sobre a mesa, onde foi explicado para criança que ali existia muitas fichinhas e que gostaria que ela criasse uma fileira com a mesma “quantidade” que a fileira do examinador, onde foi distribuída 6 tampinhas deixando as fichas restante para ela formar a fileira de acordo com que os dois ficassem com a mesma quantidade de fichinhas e que imagina-se que as tampinhas fosse dinheiro.
A primeira criança a participar da entrevista foi Estefani de 6 anos de idade que esta freqüentado o pré dois. Esta criança demostrou muita tranqüilidade ao participar.
Entrevistador: A entrevista teve início com a amostra da tampinhas(com um total de 24 tampinha), onde distribui seis tampinha em uma fileira e pedi que ela criasse uma fileira, onde nos dois ficássemos com a mesma quantidade, e que imaginasse que as tampinhas fosse dinheiro.
Notei que a criança distribuiu as fichas de maneira correta, deixando as fichas termo a termo, deixando seis fichas em cada fileira.
-
Entrevistador: está igual?
-
Criança A respondeu: “Oh, você tem uma, duas, três, quatro, cinco, seis tampinhas que nem eu”
-
Entrevistador: Não existe ninguém mais rico que o outro?
-
Criança A: aham!!! Não;
-
Entrevistador: Ai pequei e estiquei a fileira, mas com o mesmo numero de tampinha como no exemplo:
Fila A 0 0 0 0 0 0
Fila B 0 0 0 0 0 0
-
Entrevistador: E agora existe alguém com mais dinheiro? Você, eu ou nos dois temos o mesmo quantidade de dinheiro?
-
Criança A: aham !! (pausa) não agora você esta mais rico do que eu;
-
Entrevistador: Por quê, eu fiquei mais rico do que você?
-
Criança A: porque sua fileira de dinheiro ficou maior do que a minha
-
Entrevistador: Então estou com uma quantidade de dinheiro maior do que você?
-
Criança A: simm, tua fileira esta maior ora!!
-
Entrevistador: Após ouvir estás resposta pequei e inverti, encolhi minha fileira deixando-a menor que a dela. Como no exemplo abaixo:
Fileira A 0 0 0 0 0 0
Fileira B 000000
-
- Entrevistador: E agora existe alguém com mais dinheiro? Você, eu ou nos dois temos o mesmo quantidade de dinheiro?
-
Criança A: Agora com certeza tenho mais dinheiroooo!!! que você;
-
Entrevistador: Por quê, você ficou mais rica?
-
Criança A: por que minha fileira e maior;
-
Entrevistador: Quero que você conte para mim as tampinha da sua fileira e me diga quantas tem?
-
Criança A: tem 6;
-
Entrevistador: e na minha fileira quantas tampinhas tem?
-
Criança A: tem 6;
-
Entrevistador: E agora me responda tem alguém com uma maior quantidade de dinheiro? Quem esta mais rico eu, você ou nós dois temos o mesmo dinheiro?
-
Criança A: Eu;
-
Entrevistador: Por quê?
-
Criança A: eu porque minha fileira esta maior.
Nesta entrevista pude perceber que esta criança ao participar desta exame da conservação de quantidade descontinua, se encontra no estágio II, pois não se encontra mais no estágio anterior, ela já e bem sucedida sua construção numa correspondência espacial perceptível, isto é constrói sua fileira colocando os elementos em correspondência espacial, um diante da outra.
Portanto a criança consegue nesta segunda fase colocar termo a termo o mesmo número de tampinhas do que o entrevistador, mas quando a criança tende a avaliar a quantidade com base apenas no comprimento das filas, ignorando a densidade dos elementos, portanto a criança se coloca em posição conflitiva de afirmar a igualdade de duas quantidade cujos elementos encontram-se em correspondência, negar a igualdade destas quantidade quando correspondência visual é destruída, afirmando simultaneamente que as quantidades voltarão a ser iguais quando a correspondência visual for restabelecida. Entretanto, a criança não deduz deste retorno empírico à posição original que a reversibilidade operacional é sempre possível.
A segunda criança que participou da entrevista foi Carolina de 8 anos de idade que se encontra na segunda série do ensino fundamental esta entrevista parte do mesmo principio da outra.
Situação proposta pelo exames: foi colocadas 24 fichas sobre a mesa, onde foi explicado para criança que ali existia muitas fichinhas e que gostaria que ela criasse uma fileira com a mesma “quantidade” que a fileira do examinador, onde foi distribuída 6 tampinhas deixando as fichas restante para ela formar a fileira de acordo com que os dois ficassem com a mesma quantidade de fichinhas e que imagina-se que as tampinhas fosse dinheiro.
Entrevistador: A entrevista teve início com a amostra da tampinhas(com um total de 24 tampinha), onde distribui seis tampinha em uma fileira e pedi que ela criasse uma fileira, onde nos dois ficássemos com a mesma quantidade, e que imaginasse que as tampinhas fosse dinheiro.
Notei que a criança distribuiu as fichas de maneira correta, deixando as fichas termo a termo, deixando seis fichas em cada fileira.
-
Entrevistador: esta igual?
-
criança B: sim está igual;
-
entrevistador: não tem nimguém mais rico do que o outro?
-
criança B: não, eu tenho seis tampinho e você perai.... é você também tem seis tampinha!
-
entrevistador: você tem certeza?
-
criança B: ....(pausa com olhar atento) sim eu tenho!
-
Entrevistador: Ai pequei e estiquei a fileira, mas com o mesmo numero de tampinha como no exemplo:
Fileira A 0 0 0 0 0 0
Fileira B 0 0 0 0 0 0
-
Entrevistador: E agora existe alguém com mais dinheiro? Você, eu ou nos dois temos o mesmo quantidade de dinheiro?
-
Criança B: pausa (ficou quieta);
-
Entrevistador: O que você acha? Quem tem mais dinheiro eu você ou nós dois temos a mesma quantidade;
-
Criança B: (Pausa)... nos dois temos a mesma quantia;
-
Entrevistador: Por quê??
-
Criança B: Porque eu tenho o mesmo número de dinheiro que você;
-
Entrevistador: Após ouvir estás resposta pequei e inverti, encolhi minha fileira deixando-a menor que a dela. Como no exemplo abaixo:
Fileira A 0 0 0 0 0 0
Fileira B 000000
-
- Entrevistador: E agora existe alguém com mais dinheiro? Você, eu ou nos dois temos o mesmo quantidade de dinheiro?
-
Criança B: Ai meu deus...(pausa) continua a mesma coisa
-
Entrevistador: você tem certeza que não esta mais rico não?
-
criança B: não tá igual!
-
Entrevistador: agora pequei a fileira B e acrescentei uma fichinha. Como no exemplo abaixo:
Fileira A 0 0 0 0 0 0
Fileira B 0000000
-
Entrevistador: E agora quem tem mais dinheiro eu, você ou nos dosi temos a mesmo tanto de dinheiro?
-
Criança B: Ficou quieta e após algum tempo pensando respondeu: você tem mais dinheiro
-
Entrevistador: você tem certeza que tenho mais dinheiro, sua fileira e bem maior que a minha, tem certeza que tenho uma quantidade maior?
-
Criança B: Para pensa e responde: sim tenho certeza você tem sete fichinha e eu tenho só seis.
-
Entrevistador: Como é que você sabe?
-
Criança B: Eu contei você!
Ao analisarmos esta entrevista e toda as perguntas e respostas podemos dizer que esta criança esta no estágio III, porque a criança deste estágio demonstra freqüentemente desconsiderar os aspectos espaciais, baseando-se suas construções na contagem do número de elementos, conservam as relações quantitativas e não se deixam influenciar por contra-argumentos.
Neste estágio a criança já compreende que pode apenas significar que ela reconhece que uma simples mudança de posição não altera as quantidades. Está compreensão só pode ocorrer quando o sujeito inclui cada situação perceptuais num sistema coerente de transformações, em que todas as situações perceptuais estão relacionadas por meio de operações.
Portanto a criança nesta fase não precisa da percepção, por uma compensação quantitativa entre comprimento e densidade das fileiras e sobretudo, pela reversibilidade.
Podemos concluir que compreender e saber como usar os métodos clínicos e muito importante, pois o objetivo deste método e apreender delimitar o pensamento da criança e compreendendo o pensamento interno para saber como a criança pensa.
Mas e preciso tomar alguns cuidados, pois precisamos respeitar sem deformar o pensamento da criança, tanto no seu encaminhamento quanto na sua linguagem.
BIBLIOGRAFIA
- O Método Clínico: Usando os exames de Piaget. Ed Vozes, Petropolis, 1983.